sábado, 25 de abril de 2009

O violino e a paixão

Um ensaio de vozes saindo do ninho, aquecidas por um impulso fervoroso e sangüíneo. Preparativos para um ritual mágico de cunho didático. Envolvidos num processo cheio de viezes e abarcando um conjunto de pensantes, acima de tudo, amantes da sábia e velha arte. Dos que representam suas intencionalidades projetadas no arcabouço de uma estrutura física. Daqueles totalmente absorvidos pelo estrépito sinuoso de tocar a alma pelo simples contato com as cordas dos instrumentos.

Entre tantos pensantes, eis que se figura um apaixonado pelas teorias, de comportamento aquietante, com um instrumento nas mãos.
Passam dias. Dias passam. Começo então a manter uma séria afinidade com o instrumento de som marcante. A princípio parecia ser apenas um simples violino, engraçado, inteligente, divertido. Além disso, descobri que esse violino não é tão simples assim.
Possuidor de um espírito questionador, ativo e perspicaz, objetivo pelo menos ao que parece.

Maestria no contato físico com o seu toque em cada acorde de som.

Sempre gostei de sensibilizar-me com a música, especialmente com os instrumentos de corda. Sei que o destino, o tempo e a vida são construções de um teor de decisão de cada vivente. E por isso, imbuído do desejo irrefreável de estudar todos os pormenores desse clássico e lindo instrumento, me pus a observar sua constituição física, suas curvas, suas cordas, a sua acústica, o seu percurso na história.

Ciente da existência dele, eu posso crer na possibilidade de um caminho de prazer, de alegria, de convivência. Quem sabe tocando profundamente nas cordas do seu ser tão sensível eu possa produzir um som puro e harmonioso e cante com minha alegria essa conquista?

Quero certamente ser agraciado com uma execução perfeita. Senão perfeita, ao menos eivada de um conceito que eleve a minha alma.

Sempre quis saber sobre a brevidade da vida, mas percebo que precisamos viver cada momento. Quero vivê-los com você e sair por aí me arriscando nos emaranhados da estrada.

A paixão não é um fogo agradável, consome nossos momentos de forma avassaladora. Quer dominar e tem medo do imprevisível. Cria desenhos irreconhecíveis na mente da vítima e acaba por destruir o alvo e sua presa. Que essa flama não pense sequer em dar repouso no meu propulsor vital. Gosto sim de um ritmo natural, passo a passo sendo conquistado, conhecimento quotidianos.

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