No etéreo mundo arpoado me encontro.
Fulguras num plano embaçado qual espelho ofuscado.
Segues no encalço da presa pela madrugada adentro com teu manto de pavão.
Como caçador destemido e descaradamente desprovido de uma arma que possa conter a tua fúria, esgueira-se entre as plumas e paetês.
Camufla tua máscara distorcida com o manto negro da noite para obter mais facilmente teus intentos imprudentes.
Qual camaleão passeia por entre as apolônias com seu multifacetado cinismo.
Vez por outra fisga um olhar condoído, mas a todo momento, tu é que é fisgado pelo sedutor ramo do desejo - livre, trépido, traiçoeiro - a enfeitiçar teu mundo e tu mergulhas profundamente em tua própria insensatez.
Então já é tarde para redimir-se, pois seu invólucro contagiado não pode conter-se.
A aventura puramente carnal perpetua-se num vazio intermitente de muita fantasia e ilusão.
Que fazer diante desse modo gritante de encarar a existência?
Fútil modo.
Engodo fácil e inadmissível.
Vulnerável e fugaz.
Lança-se em meio a conquistas desperdiçadas e desnecessárias e mesmo realizando teu profundo orgasmo, paira no ar a falta do nada dentro do abismo incomum e colossal que fingimos inexistir.
Eis que o mundo simpático vive numa teia processando fios invisíveis e incalculáveis de puro teor orgíaco. Tu é elegido exímio tecelão.
A loucura - filha despudorada e emergente candidata escolhida pela maioria - corre célere entre o desejo alucinado e o prazer desmedido derrubando e atropelando o dever, o respeito e a sensatez.
O pavão continua espalhando suas cores e texturas pelo salão, o maître da casa espera sua presa para abatê-la com seu vigor e furor e o desejo grita alto seu hino no meio da delirante noite de sábado.
Continuo preso no etéreo questionando justamente o valor do vazio para os "vampiros da noite".
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